
Levantamento do projeto “Amazônia2030”, mostrou que as interdições aéreas na região estimularam o tráfico de drogas por água e ajudaram a expor pequenas cidades ao crime organizado
No Amazonas a violência vem crescendo em municípios e comunidades que fazem parte dos chamados “Rios de Cocaína”, que são rotas fluviais usadas por facções criminosas para a distribuição de entorpecentes. Um estudo feito pelo projeto ‘Amazonia2030’ identificou dez rios no estado que fazem parte da rota marítima do tráfico na Amazônia.
O termo foi dado por pesquisadores responsáveis pelo levantamento que foi divulgado um estudo na última quinta-feira (30), e foi consolidado entre 2005 e 2020.
O g1 questionou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para entender quais medidas estão sendo adotadas no combate ao tráfico, bem como a redução da violência nessas comunidades, e aguarda resposta.
De acordo com o levantamento, o município de Eirunepé no interior do Amazonas, banhado pelo Rio Juruá, proporcionalmente foi o mais afetado pelo tráfico. Entre 1996 e 2004, a cidade registrou uma taxa de homicídios de 3,7 por 100 mil habitantes, no entanto, entre 2005 e 2020, esse número disparou para 34 homicídios a cada 100 mil habitantes um aumento de 819%.
Segundo os pesquisadores, uma política de intervenção de aviões pela Força Aérea Brasileira (FAB), intensificou o uso de barcos para escoamento da droga. A lei aprovada em 1998 foi autorizada a abater aeronaves suspeitas de transportar drogas vindas dos países vizinhos.
“O deslocamento para as rotas fluviais trouxe novos desafios: os barcos, ao contrário dos aviões, precisam de apoio logístico em diversas localidades. Isso significa que as comunidades ao longo das rotas estão sendo cada vez mais expostas às organizações criminosas e à violência” diz um trecho do estudo
Confira a lista dos rios do estado que são usados pelos traficantes como rotas para o escoamento de drogas com origem em países como o Peru e Colômbia:
- 🌊Rio Amazonas
- 🌊Rio Japurá
- 🌊Rio Javari
- 🌊Rio Envira
- 🌊Rio Madeira
- 🌊Rio Negro
- 🌊Rio Purus
- 🌊Rio Tarauacá
- 🌊Rio Uaupés
- 🌊Rio Xiê
As estimativas do estudo indicam que a mudança na logística para movimentar a droga ocasionou, entre 2005 e 2020, 27% do total de 5.337 mortes em 67 cidades da região Oeste da Amazônia. O consolidado apontou que a maioria das mortes ocorreu entre homens de 20 a 49 anos por uso de arma de fogo ou faca.
Segundo os pesquisadores, algumas políticas públicas precisam ser implementadas para combater a violência nessas localidades do estado que são:
- Fortalecer o monitoramento das rotas fluviais
- Promover a educação e capacitação nas comunidades locais
- Investir em alternativas sustentáveis para a região
- Ampliar a cooperação internacional
Fonte: G1 Amazonas